Seja por necessidade, para evitar a dor ou pela praticidade de saber quando será o parto, muitas mulheres atualmente no Brasil optam pela cesariana. Porém, assim como todo procedimento cirúrgico, ela oferece riscos e exige cuidados extras na recuperação, principalmente porque um dos problemas comuns desse tipo de cirurgia é a cicatriz deixada pelo corte.
A abertura para a saída do bebê é feita na parte inferior do abdome, acima da linha dos pêlos pubianos e mede cerca de 10 a 20cm. Após o nascimento, é realizada a chamada sutura intradérmica, que são os pontos feitos com um fio fino, que passa por dentro da pele, podendo ser retirado depois de uma semana ou quinze dias.
Nas ocasiões ideais, depois de seis meses após o parto a marca formada pelo corte tende a ficar bem fina e clara. E em um ano, normalmente essa se torna quase imperceptível.
Toda cicatriz se forma a partir da proliferação de fibras que dão origem a um novo tecido que não tem a mesma estrutura da pele original, sendo esse mais duro e sem pêlos. Isso acontece sempre quando o corpo sofre algum tipo de lesão, tendo como função proteger o organismo do meio externo, evitando o sangramento e combatendo infecções. Porém, quase sempre são indesejáveis, principalmente pelas mulheres vaidosas com o seu corpo.
TIPOS DE CICATRIZES
Dependendo da propensão do organismo de algumas mulheres, mesmo com procedimentos corretos na cirurgia, o processo de cicatrização da cesárea pode ocorrer de forma exagerada (quando o tecido fibroso é produzido em excesso). Assim, a cicatriz se forma em um nível mais elevado que a pele, sendo chamada de cicatriz hipertrófica. Esse tipo é comum de acontecer, mas por ser muito visível incomoda esteticamente.
Ainda maior que ela, com uma dimensão superior à própria lesão, existe a queloide, que mesmo sendo menos comum, às vezes ocorre em algumas partes do corpo, como barriga, tórax e lóbulos da orelha decorrentes de alguma infecção, embora também possa surgir espontaneamente. Existe uma predisposição genética para a formação desse tipo de cicatriz, chegando muitas vezes a coçar e até doer. Nesse caso é indicado pomadas ou cremes à base de corticoides.
O tempo de cicatrização total varia com o tipo de pele e da cicatriz formada. O aspecto avermelhado é normal e permanece de 6 a 12 meses, ou em alguns casos até um pouco mais, dependendo da resposta individual de cada mãe.
CUIDADOS COM A CICATRIZ
A cicatrização acontece em todos os tecidos do organismo, não só na pele. Portanto, para uma boa recuperação do corte é necessário evitar o esforço no local, optando sempre por exercícios físicos específicos para as necessidades das mães. Além disso, há alguns cuidados extras que se deve ter para evitar o agravamento da cicatriz, sempre seguindo as orientações de um médico:
- Evite a exposição da cicatriz ao sol, pois isso estimula a irritação e escurecimento do local. Quando o fizer, utilize protetor solar.
- Use uma proteção sobre a cicatriz (um microporo ou fita de silicone) nos 3 meses que sucedem o parto. Isso vai diminuir a tensão na região.
- Mantenha uma alimentação saudável. Sua pele necessita de nutrientes para uma boa cicatrização.
- Mantenha sempre o local hidratado e higienizado.
- Se possível, use uma cinta cirúrgica nos primeiros meses após o parto.
- Use roupas mais largas e de preferência feitas com algodão ou linho. O atrito pode prejudicar a cicatriz.
Se a cicatriz não for amenizada com apenas cuidados caseiros, os dermatologistas indicam alguns outros tipos de procedimentos estéticos como o peeling a laser, luz intensa pulsada, microagulhamento, infiltração de corticoide, betaterapia, radiofrequência, entre outras. O tipo de terapia será decidido de acordo com o cada caso da paciente por meio de uma avaliação médica. Conheça alguns dos métodos:
- Peeling a laser : esse laser emite uma quantidade limitada de calor sobre a pele que vaporizam as células danificadas no local. Isso estimula a própria pele a produzir novas células.
- Luz intensa pulsada : trata as lesões mais profundas da derme, alterando positivamente o colágeno (responsável pela sustentação da pele). Essa aplicação atinge as lesões não só na profundidade como na superfície, promovendo uma significativa melhora nas irregularidades dos tecidos.
- Microagulhamento : são usados pequenos rolos encravados por uma média de 200 agulhas muito finas que quando aplicadas na pele, provocam pequenas punturas, que aumentam a vasodilatação, estimulam a formação de colágeno e também aumentam a absorção de alguns medicamentos direto na pele.
- Infiltração de corticoide: Usado no caso de queloides em atividade clínica (quando há vermelhidão, coceira, dor ou crescimento), o corticoide é injetado dentro da cicatriz afrouxando intensamente o grau de compactação das fibras de colágeno que são maiores nesse caso.
- Betaterapia : utiliza energia emitida por elétrons para prevenir a formação da queloide e da cicatriz hipertrófica. Esse procedimento visa diminuir a formação de fibras colágenas aumentadas por esses dois tipos de cicatrizes.
- Radiofrequência : consiste na geração de calor no tecido subcutâneo que induz a produção de novas fibras de colágeno e melhora o aspecto da pele danificada pela lesão.
Vale lembrar que é necessário aguardar alguns meses antes de iniciar um tratamento cirúrgico, pois algumas cicatrizes classificadas como queloideanas, podem curar espontaneamente com o tempo. O melhor recurso a ser adotado para cada tipo de problema deve ser indicado e acompanhado pelo médico.
Para mulheres que possuem uma cicatriz de cesárea mas pretendem ter mais de um filho, o melhor é aguardar e fazer o procedimento estético somente quando decidir não engravidar novamente.