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Quem é mãe sabe que a hora do parto traz uma mistura de sentimentos: ansiedade, nervosismo e também bastante emoção ao embalar o bebê nos braços. Porém, a maioria das veteranas ou as que são “mães de primeira viagem” desconhece que é neste exato momento que se inicia um período complexo no corpo feminino que pode dificultar a adaptação à chegada da criança.
Certamente, o amor é incondicional, porém, nem tudo são flores: conhecido popularmente como resguardo ou quarentena, o puerpério é uma fase que engloba um turbilhão de mudanças corporais, hormonais e psicológicas.
O resguardo vai muito além do “caldo de mulher parida” e da famosa “canja de galinha”: confira tudo o que sua avó não te disse sobre essa fase.
Por isso, é imprescindível que toda mulher conheça a importância dessa etapa para otimizar sua saúde e, consequentemente, a do recém-nascido: isso porque um resguardo não-saudável pode impactar seriamente a qualidade de vida de ambos.
Mas porque o puerpério acontece, quantas fases ele possui, quais transformações ele provoca, em quanto tempo você pode voltar a se exercitar, e o que pode ou não ser feito durante o período? Isso é o que você vai descobrir neste artigo que vai esclarecer, definitivamente, todas as suas dúvidas sobre o puerpério. Confira!
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Por que você deve respeitar o puerpério?
O fim da gestação provoca inúmeras transformações no organismo materno o puerpério requer mais cautela, pois é hora de se recuperar de tantas alterações: sangramento do parto normal; cuidados com a cicatriz da cesariana; a recuperação do períneo (principalmente se houve episiotomia ou laceração), e muito mais!
Imagine que seu corpo possui um relógio natural que sabe exatamente o momento apropriado para desenvolver a regeneração decisiva para que todos os sistemas continuem funcionando perfeitamente.
Dessa forma, o resguardo é como se fosse uma espécie de “trégua”, momento de devolver o equilíbrio para o organismo, como, por exemplo, o útero voltar ao seu tamanho original e harmonizar, gradativamente, os níveis hormonais.
Porém, vários mitos sobre o comportamento das mães no puerpério atravessaram gerações e continuam povoando o imaginário das pessoas até os dias atuais.
Para você ter uma idéia, recentemente, a Unifesp entrevistou 300 mulheres após o parto e descobriu que muitas acreditavam que não podiam lavar os cabelos nos primeiros 13 dias para não correr o risco de morrer ou desenvolver demência mental!
Mas muita calma nessa hora: isso é apenas um MITO! E não se preocupe, pois nesse artigo você vai receber orientações baseadas em validação científica a fim de desmistificar essas e outras lendas populares contadas pelas nossas avós.
2. As três fases do resguardo
Assim como a natureza que possui a hora certa de plantar e colher, o corpo humano também é organizado e exato. Até hoje os cientistas o chamam de “incrível máquina” e, em relação à gravidez, não poderia ser diferente.
Seu bebê passou por diversas fases de desenvolvimento até vir ao mundo e, da mesma forma, depois de tê-lo, seu corpo passa por 4 ciclos de recuperação definidos conforme abaixo:
- Puerpério Imediato – descolamento da placenta até 2h após o parto;
- Puerpério Mediato (1 ° ao 10° dia) – corrimento vermelho tipo menstruação que aos poucos vai diminuindo, geralmente ficando amarelado;
- Puerpério tardio (11 ° ao 45° dia) – de agora em diante o cuidado continua redobrado, pois o ventre e a região genital ainda estão se recuperando do período gestacional.
- Puerpério remoto (a partir do 45° dia) – a regeneração corporal pode ultrapassar a quarentena. Em alguns casos, esse processo se prolonga até sessenta dias, podendo se estender devido à amamentação exclusiva (6 meses) ou até que a menstruação se normalize, representando a recuperação total da função reprodutiva.
Neste momento, você deve estar se perguntando: quais são as mudanças físicas ou como o corpo dá sinais de que está passando pelo puerpério, não é mesmo?
Os indícios são bem claros, vamos por partes:
3. Descubra as transformações mais comuns do resguardo
A renovação do corpo mulher durante o puerpério é sentida de modo físico, mas também ocorrem alterações químicas devido à fisiologia hormonal que desencadeia consequências emocionais e psicológicas. Confira as principais:
Físicas
Sangramento: conforme você já aprendeu nas fases do puerpério, o sangramento é algo comum. Ele se chama lóquio e não se trata de hemorragia e nem menstruação. É apenas o útero cicatrizando onde ficava a placenta.
Útero: para retornar à medida normal, o ventre se contrai nos dias posteriores ao nascimento da criança. São contrações mais leves, porém, estimuladas pela amamentação.
Mamas: por falar em amamentação, as mamas também mudam com a descida do leite, ficam mais cheias, quentes e doloridas a partir de 24 a 72 horas após ter o bebê, mas a tendência é sentir alívio conforme for amamentando.
Pele: 50% das grávidas desenvolvem manchas na pele conhecidas como melasmas. No resguardo, esses sinais tendem a desaparecer (no máximo em 1 ano após o parto). Entretanto, 30% das mulheres podem manter resquícios dessas manchinhas comuns da gestação.
Cabelos: os cabelos são elementos importantes da vaidade feminina mas, uma vez que costumam aumentar de volume e crescer rápido na gravidez, no puerpério acontece o contrário: os fios caem bastante devido ao desequilíbrio hormonal.
Fisiológicas
Hormônios: esse desequilíbrio pode ser explicado basicamente pelo pico de níveis hormonais enquanto o bebê ainda está na barriga e a diminuição brusca após o parto.
Outro fator importante é que a amamentação interfere no desejo sexual, já que seu corpo possui outras prioridades para regenerar neste momento e ainda não está preparado para retomar as relações com o parceiro.
Além da nova rotina bastante cansativa que o recém-nascido demanda, essa queda dos níveis hormonais (especialmente da progesterona), aliada ao aumento da prolactina também faz com que as mamães sintam-se naturalmente mais cansadas e desanimadas.
Impacto emocional
Essa exaustão, normalmente, vem acompanhada de insegurança e tristeza, sobretudo pelas autoestima abalada devido à dificuldade em perder os quilos adquiridos na gestação, ou pelo tamanho da barriga aliado à flacidez abdominal que costuma ser o terror de 9 em cada 10 mulheres que acabaram de ter filho.
Por isso, nas primeiras semanas, o ideal é contar com o apoio da família e a ajuda de algum parente ou parceiro para lidar com o recém-nascido. Daqui a pouco, você conhecerá uma maneira prática e rápida para perder esses quilos.
Por enquanto, saiba que é normal se sentir mais frágil e sentimental. Mas é importante ficar de olho em sintomas mais graves como desânimo extremo, insônia ou falta de apetite que podem indicar a depressão pós-parto. Neste caso, é imprescindível recorrer à ajuda médica.
Inclusive, quem já passou pelo puerpério costuma dizer que ele pode durar bem mais que as fases descritas. Na verdade, ele é o início da maternidade, na qual a mulher adquire uma nova identidade que não conhece.
Não está errado sentir melancolia durante esse período, ou querer ficar de pijama o dia todo, por exemplo.
Apesar da intensidade, é importante lembrar-se de que vai passar. Em seu livro “A maternidade e o encontro com a própria sombra” (2016), a psicoterapeuta argentina Laura Gutman, aborda a importância de falar abertamente sobre as oscilações comuns do puerpério, que contém momentos felizes e tristes.
Dessa forma, ela acredita que o importante é não ter receio de ser julgada. “Porque a partir de cada mãe puérpera que encontra a si mesma, o mundo inteiro se encontra.”
Além disso, com o apoio familiar e a partir da descoberta do próprio da nova e incrível mulher em si, é possível sair do pós parto sem lembrar dele como um período ruim, complicado ou de difícil adaptação. “Só assim será possível vivenciar um resguardo intenso mas suave”.
4. Conheça os riscos da quarentena
Você já sabe que qualquer cirurgia pode gerar complicações como hemorragias pós-operatórias, por exemplo. Mas você sabia que tanto a cesárea quanto o parto normal também pode ocasionar a perda excessiva de sangue?
Isso acontece devido à fragmentos de placenta ou ruptura de vasos sanguíneos, mas tende a cessar em poucos dias após o nascimento do bebê de forma natural, e geralmente não requer nenhum tratamento específico, além de observar o volume do fluxo.
Entretanto, uma complicação mais grave que pode ocorrer é a infecção durante a ruptura da bolsa ou ao longo da própria cesárea. Longos trabalhos de parto normal também costumam ser arriscados e demandam períodos de puerpério ainda mais complexos e delicados.
Em alguns casos, a contaminação é identificada algumas horas depois de ganhar o neném, quando a mãe apresenta febre e calafrios e os sinais já começam a ser tratados na própria maternidade.
Além disso, quem teve parto normal também costuma reclamar de um incômodo bastante comum durante o resguardo que é a incontinência urinária. Ela ocorre com frequência devido ao esforço muscular que é feito com a saída da criança e pode ser resolvido com exercícios simples para fortalecer o períneo.
5. Cuidando da saúde durante o puerpério
Para evitar as demais complicações mencionadas acima, fique ligada nessas dicas imbatíveis para ter um resguardo tranquilo:
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Evite as relações sexuais:
Assim como atividades físicas intensas, as relações sexuais são desaconselhadas. Isso porque o ideal é esperar, no mínimo, 30 dias para fazer sexo. Caso contrário, geralmente as mulheres relatam muita dor com a penetração, por exemplo, em se tratando de uma região que ainda está em processo de cicatrização.
Outro detalhe: no início, a libido provavelmente estará baixa devido às alterações hormonais e aumento de prolactina (hormônio da amamentação). Consulte seu obstetra sobre a indicação de um anticoncepcional específico para lactantes e retome aos poucos sua vida sexual com paciência e criatividade.
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Alimente-se bem
Outro costume popular é relacionar o puerpério com as canjas de galinha para fortalecer o organismo da mãe. No entanto, ela não pode tomar só isso durante a quarentena pois trata-se de mais um mito!
Claro que essa refeição é saudável, mas não deve ser a única do cardápio! Procure uma alimentação equilibrada enquanto estiver amamentando. Mantenha uma alimentação saudável no pós-parto, mas não é hora de pensar em regimes muito restritivos.
O corpo precisa de energia para produzir leite adequadamente e, justamente por isso, especialistas indicam que a alimentação durante o puerpério gire em torno de 1.700 a 1.900 calorias diárias.
Ah, e não se esqueça de beber bastante água para ajudar a normalizar o intestino que pode ficar lento ou preso.
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Comece com exercícios físicos mais leves
Tudo vai depender do tipo de parto mas, normalmente, dirigir ou fazer abdominais, por exemplo, são atividades contra indicadas para não interferir na cicatrização da região perineal (parto normal) ou os pontos cirúrgicos (cesariana).
Já o uso de absorvente interno, a depilação, ou o simples ato de subir e descer escadas, por exemplo, são outras crendices que a maioria da população recomenda que a “mulher parida” evite, mas que, na verdade, estão totalmente liberadas e não comprometem a regeneração corporal durante o resguardo.
Na verdade, quem teve parto normal pode praticar atividades físicas mais “puxadas” após 30 dias, e no caso da cesariana, você deve aguardar 45 dias, dependendo da gestação, da recuperação e, obviamente, da liberação de seu médico.
Por falar em exercício, já estando liberada para a prática, é importante buscar a atividade correta para perder os quilos adquiridos durante a gravidez. E foi pensando nisso que a Gabriela Cangussu elaborou o programa Mamãe Sarada, exclusivo para queimar a gordura pós-parto.
Imagina poder treinar em casa mesmo separando apenas 15 minutinhos por dia para cuidar de si mesma, o que não interfere em sua rotina de mamãe dedicada?! 😉
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